segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O Presidente e a crise

Vale a pena ler o discurso do Presidente da República neste 5 de Outubro.
O Presidente está preocupado com a crise financeira, considera que o Governo não está a ter a melhor actuação nesta conjuntura e ainda que se está a distanciar da realidade dos problemas que os portugueses enfrentam. E ficam ainda recomendações para o Orçamento do Estado de 2009.

Confesso que não compreendo as razões que levam o Governo a evitar falar sobre a crise financeira, a dizer formalmente como a vê e como a está a enfrentar.

O fim de semana foi marcado por mais instabilidade na Europa.
Na Alemanha o Governo já chegou a acordo - já no início da noite - para apoiar o Hypo Real State em conjunto com bancos privados.
O caso Fortis: a Holanda decidiu nacionalizar o braço holandês do banco o que inclui a parcela relativa ao ABN Amro. Há quem analise esta acção como uma vingança de Haia à compra do seu banco.

A Alemanha anunciou também no fim de semana que garante os depósitos bancários a cem por cento. É o terceiro país da UE a fazê-lo. Primeiro foi a Irlanda e depois a Grécia. Angela Merkel foi indiferente às criticas do Reino Unido à Irlanda e aos alertas da Comissão Europeia.

Em Paris no sábado ficou decidido que cada país tratará dos seus bancos em coordenação com os outros Estados membros.

Hoje, segunda-feira há reunião dos ministros das Finanças dos Vinte Sete.
A vida na União não está fácil. A União sabe que está incompleta para enfrentar esta crise.

Em Portugal o Governo parece não saber o que dizer sobre a crise financeira.

1 comentário:

Anónimo disse...

O problema é que, se o governo disser alguma coisa, corre o risco de causar um pânico que aprofunde muito a crise.

Em Portugal as condições para uma crise são excelentes - o país está fortissimamente endividado ao exterior, e dependente do contínuo financiamento externo - mas a população não está preocupada. Ou seja, temos uma barril de pólvora mais ainda ninguém acendeu o rastilho.

Se o governo se pusesse a falar e a planear fazer coisas, era quase que certo que isso desencadearia bank runs e coisas do género.

Luís Lavoura