quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ai a Grécia, Ai o euro

Foi o título do escrevi hoje no editorial do Negócios. Especialmente dedicado ao dia da Europa, que hoje se comemora, num tributo ao dia 9 de Maio de 1950, quando o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, anunciou as bases da criação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)

Por isso mesmo estou completamente de acordo com o que afirma o presidente do Parlamento Europeu quando diz que o euro, que deveria unir os Estados-membros, corre o risco de se tornar o "símbolo de egoísmos nacionais" e até de divisão. (Não é, aliás, a primeira vez que subscrevo as preocupações de Martin Schulz: por ex: quando alertou para a necessidade de cooperação dando com exemplo a necessidade de Portugal vender activos a Angola)

O problema da Grécia, como o da Irlanda, Portugal, Espanha, Itália...não será resolvido enquanto não se perceber que não estamos perante o problema de um país mas sim perante uma crise financeira que está a afectar a Zona Euro assim como os Estados Unidos.
Passámos de um regime - até 2007/2008 - de forte incentivo ao endividamento/alavancagem aproveitado pelos países com défices externos - como os EUA - ou escassez crónica de capital - como Portugal -, para um regime de escassez de capital ditado pelo emagrecimento dos balanços do sistema financeiro o que, por sua vez, foi determinado pelo regime de facilitismo na concessão de crédito.

Nos Estados Unidos já se compreendeu qual é o problema. Na Zona Euro insiste-se em equacionar mal a questão atribuindo a atitudes e comportamentos nacionais uma crise que está relacionado com o ambiente e os incentivos que foram dados aos agentes económicos a partir dos anos 90. E que na Zona Euro foram ainda exacerbados pela ilusão de que, em União Monetária, não existiam problemas de financiamento externo. (Houve quem defendesse, nesses primeiros tempos do euro, no BCE, que se acabassem com as estatísticas das contas externas, tal era a convicção de que isso já pouco importava).   

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